dia-da-espiga

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29.11.07

Como o sol de Inverno

Hoje foi um bom dia. Além de desfrutar do prazer de correr livremente a cidade, aprendi duas coisas importantes. Primeiro, que as celebridades não estão habituadas a que alguém se lhes dirija apenas para perguntar as horas. Segundo, que fazemos parte das memórias fundamentais de gente que nem suspeitamos.
Ambas as ideias me fazem sorrir.

28.11.07

A Proposta

Em resposta ao desafio do Blog to be announced, sugiro uma abordagem natalício-virtual: um e-book! Fácil, barato e dentro do espírito.
Aqui fica o link para a pesquisa de histórias de Natal no super site do Projecto Gutenberg. Agora é só escolher!

27.11.07

Trabalho de campo nas cidades - Sintra

Entrar no IC19 à hora do pôr do sol e num estado semi-febril é uma experiência estranha... A muralha de prédios contra o perfil de serra realçada pela luz púrpura, o movimento dos outros carros à volta, o frio e o calor em simultâneo tornaram o momento, no mínimo, surreal.
A vila é o oposto, penumbra e silêncio, isolada e alheia ao caos. Já não me lembrava como as iluminações de Natal, ali, resultam tão bem. Foi uma visita relâmpago, sem travesseiros, sem disfrutar do paraíso perdido.

25.11.07

Ao Domingo

21.11.07

Trabalho de campo nas cidades - Sesimbra

A vila, ao contrário do que esperava numa manhã de Outono, é uma agitação. Os problemas do congestionamento já não ficam só por Lisboa. Ali a dificuldade de estacionar é ainda maior. O mercado estava em grande actividade, as ruas cheias de gente. A pastelaria (moderníssima) não tinha tortas de Azeitão.
No regresso, muitas bençãos: o sol, a ausência de trânsito, o rádio sem falhas e, na descida para a ponte, a vista sobre Lisboa. Curiosamente, uma massa de cúmulos pesava rigorosamente sobre o perímetro da cidade. Maciços, entre o branco puro e os tons de cinzentos, entre o decorativo e o ameaçador.

18.11.07

Em honra de Vinício

Dançamos, cantamos, emocionamo-nos e assustamo-nos com a brutalidade do seu mundo.

16.11.07

Amiga da doçura

É a meiguice. Palavra igualmente bonita e, parece-me, um bocadinho mais apreciada.
A propósito deste elogio.

15.11.07

Hoje tivemos:

Peixinhos da horta. Por muito que escrevam na ementa "Pastelinhos de Feijão Verde" (que até é um nome fofinho), para mim não há nome de prato que chegue a este. Na receita da minha mãe o feijão verde vem inteiro, daí a receita ser muito sazonal: só quando o legume é muito tenrinho e sem fio. Tirando a crónica oleosidade de comida de cantina, estes não estavam nada mal. E não me canso de chamá-los pelo nome.

12.11.07

Companheiro

O meu Moleskine - bloco pautado, formato A5, 20 páginas destacáveis, bolsa para armazenamento - acompanha-me desde 2005 nas minhas investigações. Canadá, Polónia, Itália. Num sentido, os apontamentos profissionais. No inverso, as reflexões pessoalíssimas que nunca separo completamente do trabalho.
Escolhi-o desta vez para acompanhar-me na ronda de 20 e tal entrevistas a políticos ligados ao poder local que inicio hoje. Tenho alguns remorsos, porque suspeito que depois de uma vida tão preenchida será um final algo triste.

9.11.07

A um volume pouco saudável


Este refrão, de perto, até passou por um momento de "verdade emocional". Mas o melhor mesmo foi que soou muito bem.

Afinal quem são os incivilizados?

Não resisto a citar a citação do dia do NYTimes:

"There’s kids dying in the war, the price of oil right now — there’s better things in this world to be thinking about than who served Hillary Clinton at Maid-Rite and who got a tip and who didn’t get a tip."ANITA ESTERDAY, a waitress at the Maid-Rite diner in Iowa, on news reports that Hillary Clinton failed to leave her a tip.

Isto e a pancada do miúdo finlandês dão que pensar ao clubinho europeu dos deterministas e sobranceiros. E ao Michael Moore, já agora.

8.11.07

Música, música, música

Canções cool e crípticas, de todos os albuns, de todos os ambientes. Energia o tempo todo. Daquela que causa um cansaço bom no fim.
E o público, multi-etário e uni-perfil: roupa escura e ar atormentado, altos e saudáveis.
Há muito tempo que não vivia assim um concerto.

7.11.07

A caminho do Coliseu

Hoje é como se não estivesse cá.
Demasiada música à vista.

5.11.07

A série que me fez esquecer do Gato Fedorento

A dita série começou com Mr. Pallin numa viagem de combóio e a primeira paragem foi Split. Daí partiu para a ilha de Hvar e foi o golpe final, ja ninguém me arrancava dali.
Muito bom.
Não tenho dúvidas da existência do tal "efeito Pallin"... só espero que as suas vítimas viajem com o mesmo espírito aberto do autor. Da minha experiência naquela parte do mundo, mais do que vale a pena.

2º PS para As Canções de Amor

Esqueci-me de assinalar um padrão que já se consegue detectar nos filmes de Honoré: as personagens são movidas pela dor. Está sempre presente e é a causa das suas transformações e, portanto, a origem do filme.

As Canções de Amor

Gostei muito do despretensiosismo do filme, do amor pela música que transparece em cada cena (tal como já tinha acontecido em Dans Paris). O conteúdo gay tem tudo a ver com a herança de Techiné, que filmou uma história de amor belíssima em Os Juncos Silvestres e com ela iniciou a abordagem da homossexualidade como um dos poucos redutos onde faz sentido hoje explorar o amor romântico. No filme de Honoré, os tabus são descontruídos e as fronteiras transferidas para dentro da cabeça das personagens. O cameo de Gaël Morel, actor de Techiné, está lá para nos lembrar disso: logo no início, como se a personagem de Os Juncos reaparecesse, ele surge na fila para o cinema repetindo "Eu cheguei primeiro do que ela!".

PS - Escrever este post serviu para descobrir que, com os 6 filmes de Techiné que já vi, sou uma amadora... ele tem mais 17! E ainda para descobrir o site de Louis Garrel, onde está esta pérola de auto-retrato: J'ai de mes ancêtres gaulois l'oeil bleu blanc, la cervelle étroite, et la maladresse dans la lutte. Je trouve mon habillement aussi barbare que le leur. Mais je ne beurre pas ma chevelure. Fils de Philippe Garrel, mais pas le fils d'Isabelle Huppert./Je suis Louis, parfois Antoine, parfois Théo, parfois Pierre./Et sur ce Pierre, je bâtirai...mes saisons en enfer ou une carrière...

O zombie da manhã de 2ª feira

Existe um certo conforto na companhia de Pedro Santana Lopes à hora de acordar numa segunda-feira de Outono. Por maior que seja a neura e o sono, aquela voz roufenha e arrastada, a dizer banalidades semi-insinuadas, num português rasca e com o enfado de quem tem de cumprir o contrato com a TSF porque não lhe dão desculpa para ir embora, demonstra que há gente no mundo num estado inatinigivelmente pior do que o nosso naquele momento.
A isto chama-se ver o lado positivo da coisa... porque as intervenções, essas, são mesmo muito más!