dia-da-espiga

à escuta em: dia.da.espiga@gmail.com

30.3.09

Disseram-me, um dia, que a música desta senhora era a banda sonora perfeita. E é.

Dores de crescimento

É difícil passar a tomar conta de pais (infinitamente mais do que tomar conta de filhos).
Há também o resto. A interior certeza de que os amigos não nos podem salvar. A intuição de que o amor é qualquer coisa incrivelmente doce mas que também não chega. O desprezo pela irrelevância do trabalho.
De tudo isto se alimenta uma fria indiferença à dor, felizmente que não só à dor alheia mas também à minha.

28.3.09

A postura no rock'n'roll

Uma das grandes mudanças introduzidas na música rock durante os anos 90 foi o definitivo fecho de pernas dos músicos. Vejam os videoclips dos anos 80 (cf. Europe, Status Quo) e arrepiem-se com os diâmetros atingidos pela abertura de perna daquela gente.
Com o grunge, a postura em palco passou para uma coisa curvada, por vezes desafiante, mas muito mais contida.
A brit pop introduziu os saltinhos e abanos de anca (aí entre Primal Scream e Suede venha o diabo e escolha) mas também a relação suplicandte com o microfone, colocado ligeiramente acima do que a estatura dos vocalistas aconselharia.
Já no século XXI, a rigidez quase militar - evolução dos Joy Division sem adornos epilépticos - atingiu todas as bandas que procuravam parecer sérias, é só olhar para os vocalistas de Franz Ferdinand, Interpol ou Killers para perceber até que ponto a posição de vassoura engolida e bem assente no chão fez escola.
Durante tudo isto, Bono continua a cantar de cócoras e faz muito bem.

19.3.09

Sobre o choco

Sou das poucas pessoas que conheço que gosta de estar (moderamente) doente.

Tenho um conjunto de boas razões: durmo profundamente uma quantidade de horas anormal em mim; a dôr ou o estado febril acalmam-me e ajudam-me a relativizar; quando melhoro, a sensação de estar em forma é incomparavelmente mais agradável do que um simples acordar bem disposta; é uma desculpa para a preguiça (as outras, como a anemia, não me servem porque sou traída pelos períodos de hiperactividade); finalmente, é uma desculpa para me sentir bem com estar fraca e dependente, estado inaceitável para mim no dia-a-dia.

Encontram-me no sofá, debaixo da manta.

16.3.09

Contágio

Cada vez que falo com um político redescubro a tanga que há em mim.

12.3.09

Por dois motivos


Grande canção e grandes óculos.


E só para não ficarem só com o look mais nerd, outra versão:

Catálogo de adiados

Tenho os filmes, tenho a disfunção familiar, tenho as indecisões, tenho a primavera, tenho a insegurança, tenho a esperança, tenho a miopia, tenho a alegria irreprimível, tenho o trabalho, tenho o que estou a escrever, tenho os acidentes de viação, tenho a música, tenho a angústia do dia a seguir ao futuro, tenho o que leio.
Não é por falta de temas que não escrevo.

4.3.09

Guiné

As imagens da casa onde Nino Vieira foram chocantes. A história da instabilidade, da corrupção, da fragilidade do Estado (tudo isso evidente lá, há dois anos) é chocante.
A minha paixão pelo país permanece mas não é indiferente a tudo isto.

2.3.09

Não se pode negar: eles são do Norte e nós do Sul

Quando questionada, descrevi como "o melhor mau concerto de sempre". Péssimo som, maus cantores, cada instrumento para seu lado e, ainda assim, o público em delírio. Especialmente quando o vocalista com uma expressão à beira do suicídio não nos mandava ser espontâneos e felizes. Particularmente nos encore. Supremamente em "Treehouse" (melhor coreografia de sempre, e uma das canções favoritas de qualquer fã de bom senso).
Agora, admita-se que ter no mesmo concerto crowd surfing e comboínho é, bem, estranho...