É muito bom ver e ouvir Lambchop ao vivo. Posso confirmá-lo agora que ultrapassei o medo de descobrir que o tempo tinha enfeitado o primeiro concerto na minha memória. Kurt Wagner encarregou-se de recriar o encanto aí à terceria música que cantou, quando acalmou aquela voz bruta. Depois deixou-me afundar na cadeira, beber as palavras cada vez mais claras, absorver as imagens que pontuavam os músicos e o som, mas não me deixou ir embora sem uns quantos arrepios de emoção e pelo menos dois murros no estômago.
Não é genial que de Nashville, Tenessee apareça aquele tipo que desencanta tanta coisa para exprimir do countryside americano? E não é um milagre ser também liberal, simples, sensível, simpático?
Lembro-me de ter dito da outra vez que me apeteceu levá-los para casa, para tocarem de vez em quando, à noite ou ao fim de semana, num cantinho da sala, e depois tomarmos uma bebida e conversarmos sobre a vida. Ontem, acrescentei a fantasia de curar com a música deles toda a amargura desta cidade.
Porque Lisboa é, para eles, a cidade do romance.